sábado, 16 de outubro de 2010

invisibilidade *


caminhando sozinha pelo rio, descalça e com a roupa desfeita, os lábios tremendo de frio, o cabelo molhado, os olhos vermelhos, os pés feridos, os músculos doridos da caminhada, a cabeça no afim, os olhos no horizonte, e tu longe de mim (...) chamo por ti, preciso de ajuda . mas tu não vens . Vejo a tua imagem além, chamo de novo por ti, mas tu desapareces (...) começo a correr, desesperadamente, a minha respiração começa a ficar ofegante, a chuva começa a emergir, os meus olhos começam a ficar baços, as imagens começam a ficar distorcidas, as roupas começam a rasgar-se cada vez mais, os meus pés começam a abrir cada vez mais as feridas, e exausta caio devastada e completamente rendida no chão . Não tenho mais forças, nem sequer para pedir ajuda . mantenho-me no chão, sem esperança de que venha alguém, apenas que a dor passe depressa (...) a chuva não amaina nem por um momento . Continua a jorrar, forte e a uma velocidade incrível . Até ela é mais forte do que eu (...) o meu corpo acomoda-se aquele chão húmido, e terroso . os meus olhos tranquilizam-se, e o já nem sinto dor . é incrível ! já nem o meu corpo sinto . Julgo-me morta, pois já nada ouço, já nem a chuva sinto . mas de repente, algo me puxa, e começo a ouvir alguém a gritar o meu nome . penso que estou a sonhar, mas tento abrir os olhos . com grande esforço lá abro um pouco (...) vejo tudo nublado, mas consigo visualizar uma sombra . ouço alguém dizer para eu prenunciar algo . tento (...) mas não consigo . não sei como avisar que estou viva ! começo a ficar nervosa, quero avisar aquele homem, ou aquela mulher que ali está, que eu estou viva, e que estou a ouvi-lo . mas não consigo falar, não tenho forças . então, tento mexer uma perna, tento um movimento por mais pequeno que seja . Consigo (...) mas sem qualquer força, deixo levar-me pelo sono profundo, que me puxa para a escuridão (...)
quero chorar, mas nem para isso tenho força .
sinto-me arrebatada !
é então que me deixo guiar pelo silencio, e fico assim (...) na invisibilidade .

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