quinta-feira, 21 de abril de 2011

para quê julgarmos pela aparência?

«A minha mãe tinha apenas um olho, e eu odiava-a, ela era muito embaraçosa. Trabalhava como cozinheira na escola onde eu andava. Um dia, quando eu andava na secundária ela veio ter comigo e disse-me olá, eu fiquei muito envergonhado, como é que ela podia fazer isso comigo? Eu ignorei-a, lancei-lhe um olhar de ódio e repugnância e fugi dali, a correr.
No dia seguinte, todos os meus colegas me diziam : AHAHA, a tua mãe tem apenas um olho! Eu queria um buraco para me enterrar, e queria que a minha mãe desaparecesse da minha vida. Então, confrontei-a, dizendo: Se tu só me causas vergonha, porque não morres? Ela não me respondeu e eu não tinha pensado naquilo que disse porque estava possuído pela raiva. Tinha-me esquecido dos sentimentos dela, quis fugir de casa e não ter de olhar mais para a cara dela, então, estudei muito e consegui ir para Singapore estudar.
Casei, comprei uma casa, tive filhos, estava feliz. Um dia, a minha mãe visitou-me, ela não me via à anos e nem sequer conhecia os seus netos. Quando ela parou à porta, os meus filhos riram-se dela e eu repreendi-a por ter vindo sem ser convidada. Como ousas vir a minha casa e assustar as minhas crianças? 
 Sai daqui, já! Humildemente e baixinho, ela respondeu: oh, desculpa, enganei-me no endereço e desapareceu.
Certo dia, uma carta da escola veio dirigida à minha casa em Singapore sobre uma reunião. Menti à minha mulher, dizendo que ia numa viagem de negócios. Depois da reunião, dirigi-me para a velha cabana, onde vivi a minha infância, quando lá cheguei, os meus antigos vizinhos dissera-me que a minha mãe tinha morrido. Não chorei uma lágrima sequer, e eles deram-me um carta que ela queria que eu lesse.
 Meu mais amado filho,
Penso em ti o tempo todo, sinto muito por ter ido a Singapore e ter assustado os teus filho. Fiquei tão feliz quando soube que virias à reunião, mas sou incapaz de sair da minha cama. Sinto 
 muito pela vergonha que passas-te por minha culpa enquanto crescias. A verdade é que, quando eras pequeno sofres-te um grave acidente e perdes-te um olho, como tua mãe, dei-te o meu. Queria que tu visses o mundo inteiro por mim. Com muito amor, a tua mãe.»

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